Ok, Sr DeMille, eu estou pronta para o meu close up!

terça-feira, 6 de abril de 2010

A SINGLE MAN

Na última sexta-feira (2), fui conferir "A single man". A intenção era fazer um breve comentário a respeito do filme no dia seguinte, porque nunca consigo tragar o filme por completo assim que saio da sessão. Fico mentalizando as cenas e tentando preencher o espaço de dúvidas que me norteiam enquanto recebo as imagens e no fim, consigo dizer o que me atraiu e o que me distanciou do que vi. Bem, nem sempre. De fato, é um engano quando generalizamos qualquer coisa que seja e, cá estou completamente admirada e ainda sem palavras para descrever a sensação que me foi causada assistindo o filme. 

Como havia comentado hoje cedo com uma criatura muito singular, Tom Ford, mesmo sem grande intimidade com o cinema (leia-se em relação às realizações) seduziu com roteiro, imagem e som ideais para contar uma história comum e atemporal. É quase obrigatoriedade comentar a entrada (com o perdão do clichê) 'triunfal' de Ford no cinema. Que ele tem bom gosto, disso ninguém duvida, afinal, mesmo os que não costumam se ater ao mundo da moda, sabe do grande prestígio e credibilidade que o estilista conta. E é nessa aproximação de artes e com muito fino trato que ele define as combinações de "Direito de amar".
Tom Ford é referência como empresário e designer de moda. Tirou a luxuosa Gucci da decadência ao assumir posto na marca e vive com o ex-editor da Revista Vogue, Richard Bucley, há mais de 20 anos. Após o estilista Yves Saint Laurent anunciar o seu afastamento do mundo da moda, Ford subiu alguns degraus e consolidou o seu nome. 
De personalidade rústica, o protagonista do longa nos faz acreditar, em certa altura do filme, que o enredo é uma fotografia embaçada e meramente intencional no que diz respeito à biografia do diretor. A começar pela escolha dos atores, rostos completamente esculturais e no romance incomum entre um professor universitário e o seu companheiro. Talvez tenha um 'quê' de Ford, mas o filme é baseado no romance do escritor britânico Christopher Isherwood, que lançou o livro em 1964, sendo um escândalo na época.
No longa, o belíssimo Mattew Goode (Match Point) e Colin Firth (Love Actually) vivem a história de Jim e George. Juntos há 16 anos, George não se conforma com a morte do amante e resolve se matar. Numa atmosfera despretensiosa, o professor de repente se vê envolvido pelo jovem Kenny (Nicholas Hoult, ator que fez o irritante Marcus de “O grande garoto” ao lado de Hugh Grant) enquanto tenta justificar o motivo pelo qual desistiu de viver. Juliane Moore não deve deixar de ser citada. Delicadas as cenas da Charley. Obviamente que, a mulher, a diva da história, mereceu destaque em todos os atos, especialmente ao lado do Colin, que por si só tem um ar sereno. 
Tudo no filme é devidamente bem calculado e adaptado para dar impressões sensoriais bem definidas. Tom Ford não pareceu ter ou dar limites à construção. A sensibilidade cruel sempre impressa nas passarelas atravessou o lado vil, se incorporou à arte e se dispôs a mostrar todas as suas costuras e os seus remendos, sem nenhuma inibição. 

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